O desbaste do mogno-africano é essencial para que a floresta cresça de forma saudável e com alta rentabilidade.

Mas como aproveitar a madeira proveniente desse desbaste? É possível ter algum lucro?

Essas dúvidas são comuns entre os silvicultores de mogno-africano. É por isso que a Associação Brasileira de Produtores de Mogno Africano (ABPMA) reuniu especialistas para discutir sobre o tema em uma Roda de Conversa, que aconteceu no dia 27 de setembro de 2021.

Participaram do encontro:

  • Vicente Lelis, Engenheiro Florestal e Especialista em Serraria, Secagem e Marcenaria;
  • Daniela Romão, Especialista em Planejamento Sócio Ambiental e em Serraria com Mogno-Africano;
  • Maurício Araújo, Gerente Responsável pelo Desbaste e Condução de Florestas;
  • Renato Collares, Agrônomo e Produtor de Mogno-Africano;
  • Milton Frank, Especialista em mogno africano e Mediador da Roda de Conversa da ABPMA;
  • Patricia Alves Fonseca, Diretora Executiva da ABPMA.

O bate-papo faz parte da celebração dos 10 anos de existência da ABPMA, entidade que tem como objetivo fortalecer o mercado do mogno no Brasil.

Confira aqui o resumo desta roda de conversa!

Desbaste precoce da floresta de mogno-africano

A conversa começou tratando sobre o tempo de desbaste do mogno-africano.

O gerente responsável pelo desbaste e condução de florestas, Maurício Araújo, disse que tem feito experimentos com as madeiras de desbastes do plantio em Janaúba.

Ele afirmou na conversa que os testes incluem árvores plantadas com espaçamentos de 6×5, 6×3 e 6×2,5 metros e a realização de desbastes precoces.

Maurício afirma que o espaçamento de 6×2,5 metros é o que ele está mais gostando do resultado.

Neste experimento, Maurício destaca que realizou desbastes precoces com 4, 3  e até 2 anos. Segundo ele, embora seja um experimento recente, os modelos com 3 anos e 2 anos trouxeram mais resultados.

Ele ainda reforça que o desbaste é importante para a produtividade de uma floresta.

“Se você não desbastar, mesmo regando e adubando, a floresta não responde”.

Segundo ele, não se pode descuidar da adubação e irrigação após o desbaste do mogno-africano.

Processo de secagem do mogno-africano

Vicente Lelis, Engenheiro Florestal e Especialista em Serraria, Secagem e Marcenaria, falou sobre as diferenças dos tipos de secagem.

O especialista explicou que antes da madeira ser levada para secar em estufa, ela precisa ser seca ao ar para diminuir o tempo da madeira na estufa.

Ele ainda reforçou que a secagem na estufa, por ser artificial, tem que ser mais controlada para não estragar a madeira.

“Para ter uma boa secagem ao ar, para a madeira não endurecer, é preciso ter um galpão coberto e à sombra, controlar a ventilação para os dias mais secos ou com muito vento. Para os dias de chuva e muita luz, como a umidade fica mais alta, deve-se colocar um ventilador dentro do galpão”, orienta Vicente.

Por ser um processo que demora muito, o mais indicado é que seque por um tempo ao ar até atingir 20% de umidade. E para acelerar o processo, finalize a secagem da madeira na estufa.

Vicente ainda afirma que não é recomendado secar a madeira na estufa direto. “Se a madeira chegar muito verde na estufa, ela pode sofrer muitos traumas, como rachaduras, ficar mais empenada, torcida e dará mais trabalho”.

Para o especialista, na maioria dos casos, se existir uma secagem ao ar bem feita, não é necessária a secagem na estufa.

A secagem na estufa tem muita tecnologia, mas, independentemente do tipo de secagem escolhido, é preciso fazer um controle diário de como o processo está acontecendo.

Daniela Romão, especialista em Planejamento Sócio Ambiental e em Serraria com Mogno-Africano, complementou o raciocínio de Vicente, dizendo que para a madeira jovem, além da questão do vento, é preciso umedecê-la antes dela ir para a secagem na estufa.

“É bem interessante fazer essa umidificação porque essa perda de água fica um pouco mais lenta e ocasiona menos rachaduras e problemas com a madeira”, frisa.

Como é o tratamento do mogno-africano jovem?

O mogno jovem é uma madeira que exige tratamento diferente do mogno adulto. É um outro tipo de madeira, que precisa ser muito trabalhada, pois se não tiver uma umidade definida para trabalho, pode empenar quando chegar até a marcenaria.

“A primeira questão para trabalhar a madeira do mogno jovem é serrar e fazer o tabicamento correto”, explica Daniela Romão.

A especialista ainda afirma que nos desbastes, que ela iniciou quando a floresta atingiu 11 anos, foi adotada a seguinte medida: DAP de 20cm para baixo, as madeiras seriam vendidas como lenha e acima disso, a madeira seria aproveitada na serraria.

“O que vimos de ideal é trabalhar sempre na estufa entre 8% e 12% e o que fazemos de pré-secagem é tabicar com a direção correta para o vento e fazer a umidificação. Mesmo com a estufa, nós vimos que não temos condições de trabalhar com menos de 14 dias, esse é o tempo mínimo. Esse processo tem que ser bem lento por ser uma madeira mais sensível por ser jovem e para que a madeira responda com menos tensão”, explica Daniela Romão.

Mogno-Africano para marcenaria

Renato Collares, Agrônomo e Produtor de Mogno-Africano, já utilizou a madeira dos desbastes para a marcenaria.

O primeiro ponto que ele destaca é a questão de sempre trabalhar com a madeira que tenha a umidade adequada, seja seca ao ar ou na estufa.

A floresta de Renato foi plantada em um espaçamento 5×5 e está com 11 anos. Mas ele conta que o primeiro desbaste foi realizado quando a floresta atingiu 8 anos de idade. A média das toras retiradas nessa época foi de 17 cm de diâmetro, ou seja, muito finas.

As toras menores de 17 cm foram vendidas para lenha e as toras com diâmetro superior a 17 cm foram cortadas, serradas e secas naturalmente em até 2 anos e meio.

Quando fazer o primeiro desbaste do mogno-africano?

Desbaste do mogno-africano

Essa é uma das principais dúvidas dos produtores de mogno-africano. Renato Collares afirma que é pelo inventário feito na floresta que se consegue definir quando um desbaste deve ser realizado.

Daniela Romão também realiza o desbaste do mogno-africano usando os dados do inventário. Ela afirma que o método usado é o seletivo e que não se deve fazer um desbaste tardio, pois isso pode prejudicar o desenvolvimento das árvores saudáveis.

Renato ainda acrescenta que, é preciso seguir duas premissas:
1 – Durante os desbastes fazer uma boa seleção das plantas.
2 – Focar nos desbastes como uma grande oportunidade para antecipar uma receita considerável para o seu investimento.

Portanto, a madeira desbastada entre 11 e 12 anos, gera mais retorno em serraria que uma madeira mais jovem. Desbastes precoces entre 2 e 4 anos, só têm custos e não têm retornos financeiros, acrescenta Renato.

Conclusão

Para aproveitar melhor a madeira de desbaste, a peça precisa ser longa e com bom diâmetro, em torno de 18cm de largura e 3m de comprimento.

“É uma questão de analisar o diâmetro e a idade. Mas iremos entender o mogno de fato quando já tivermos pessoas serrando madeira, com a tora. Você só consegue entender melhor o plantio quando começa a serrar”, afirma Vicente.

Por isso, para Maurício essa ideia faz todo sentido. O especialista ainda afirma que o espaçamento de plantio 5×5 é o que gera fustes mais retos. “Eu procuraria ter mais adensamento para ter mais qualidade de fuste e não ter a tensão na hora de serrar”, afirma em se tratando do plantio do mogno-africano.

A habilidade de quem serra a madeira também influencia no seu aproveitamento. Daniela Romão afirma que tem reduzido bastante o empenamento e a rachadura da madeira no processo de serraria que vem adotando em sua fazenda. “Serrar rapidamente e fazer o armazenamento correto, e é isso que estamos fazendo e que tem reduzido consideravelmente os empenamentos e as rachaduras”.

Com a madeira proveniente do desbaste é possível fazer porta, mesa, cadeira, painel ripado, portais, cumbucas, tábuas. Uma outra boa ideia também, que foi realizada por Renato Collares, é fazer parcerias com marceneiros. O especialista vendeu blocos e tábuas para marceneiros, além de desenvolver móveis para a venda ao consumidor final.

As possibilidades são infinitas, portanto o grande segredo para o pequeno produtor é aproveitar o máximo da árvore. Foque no mercado local e saiba que há um futuro promissor para o mogno-africano.

Para mais informações e detalhes sobre os desbastes do mogno-africano vale muito a pena conferir cada detalhe da conversa, disponível no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=8FD5g_K2CfE&ab_channel=ABPMAOficial

Você que saber mais sobre como iniciar o plantio de mogno-africano? Entre em contato com o Viveiro Origem!

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