Como está o mercado atual de mogno-africano? Essa é uma das perguntas mais corriqueiras feitas pelos produtores de madeira e também por quem quer começar a investir na floresta dessa espécie.

Felizmente, hoje já existem mais pesquisadores e especialistas em mogno-africano que se dedicam a trazer dados mais atualizados sobre o investimento na floresta.

A Associação Brasileira de Produtores de Mogno Africano (ABPMA) reuniu os principais nomes do mercado do mogno-africano para discutir sobre o tema, em uma Roda de Conversa, que aconteceu no dia 2 de dezembro de 2021.

Participaram do encontro:

  • Aloísio Caixeta (Cabral), empreendedor no mercado de mogno-africano;
  • Gilson Favarato, comerciante de madeira;
  • Ricardo Tavares, empresário;
  • Raphael Cruz, CEO da Khaya Woods;
  • Milton Frank, especialista em khayas e mediador da Roda de Conversa da ABPMA;
  • Patricia Alves Fonseca, diretora executiva da ABPMA.

O encontro é parte da celebração dos 10 anos de existência da ABPMA, entidade que tem como objetivo fortalecer o mercado do mogno no Brasil. Confira o resumo da conversa neste post!

Qual a aceitação do mogno-africano no mercado nacional?

Essa foi a primeira questão da Roda de Conversa da ABPMA feita aos produtores. É importante deixar claro que toda a madeira de mogno plantado no Brasil ainda está em fase de desbastes, logo, a comercialização ainda é de uma madeira jovem.

Raphael Cruz, CEO da Khaya Woods, mencionou que a sua madeira é proveniente de um desbaste seletivo e que, por ser uma madeira jovem e com toras mais finas, houve dificuldade inicialmente de entrar no mercado, pois as dimensões das tábuas são menores se comparadas com a madeira nativa.

No entanto, ele pontua que a madeira oferecida ao mercado é uma madeira sustentável e de fornecimento contínuo. “Essa é a grande diferença no mercado de madeira nobre, pois você consegue garantir para o seu cliente que todo mês ele terá o recebimento constante de madeira, já que você tem a sua floresta plantada, faz planejamento de corte e consegue fazer um contrato”, explica.

Os pilares qualidade, sustentabilidade e continuidade, fazem com que o mogno-africano tenha mais valor e seja aceito pelo mercado atual.

“Os clientes que temos atendido valorizam o fato do mogno ser uma madeira nobre, com excelentes características para marcenaria, acabamento e que desgasta pouco as ferramentas”, conta Cruz.

No Brasil, a demanda por esse tipo de madeira começou há pouco tempo. Segundo Raphael Cruz, muitas pessoas estão deixando de usar a madeira nativa para usar uma madeira mais sustentável.

“O mogno-africano se insere nesse cenário, ele é mais nobre do que todas as madeiras plantadas no Brasil, como Eucalipto e Pinus. E, ao contrário das madeiras nobres tropicais da Amazônia, o mogno é sustentável”.

Raphael ainda complementa que não tem uma regra do tipo de cliente que está comprando mogno-africano. “A principal regra que eu vejo, independentemente do tamanho cliente, é ele valorizar a qualidade do mogno-africano, em que ele pode criar uma linha diferenciada e agregar valor ao produto dele. Já o segundo ponto, é o comprador falar que é sustentável”, afirma Cruz.4

Como está a entrada do mogno-africano no mercado brasileiro?

Um ponto inegável é que o Brasil é um país com uma diversidade de madeiras nativas com qualidade, que são visadas pelos compradores nacionais e internacionais.

Nesse sentido, é válida a reflexão de como está sendo a aceitação dos compradores nacionais com a inserção de uma nova madeira no mercado.

Gilson Favareto, explica que as primeiras mudas de mogno-africano plantadas na sua fazenda, no Norte do país, já tiveram resultados positivos. “O mogno brasileiro que tem 30 anos está com mais ou menos 45cm de diâmetro”, frisa.

Gilson também menciona que o seu principal cliente é o Grupo Tramontina, que começou a demandar 300m3 de tora por mês de mogno-africano.

“A introdução do mogno-africano começou na Tramontina, com 15 a 20 produtos feitos com a madeira que serão lançados ao mercado brasileiro e ao mercado internacional. Também estamos dando início a outro trabalho, que são os painéis colados, em que se pode aproveitar a madeira com espessura de 20mm, largura de 3,5cm e 29cm de comprimento”, explica Favarato.

Esses painéis perfilados, segundo Gilson, podem ser uma grande alternativa para a madeira proveniente dos desbastes.

Ricardo Tavares, empresário, afirma que é um produtor animado com o mogno há muitos anos. Ele explica que quando foi em Mato Grosso visitar uma floresta da espécie, chegou à conclusão de que o mogno era a madeira da vez, não só pela beleza, mas pelo crescimento.

“Eu não tenho receio nenhum que o mogno-africano vai ser um sucesso, principalmente as madeiras de 18 e 20 anos”, enfatiza.

O melhor mercado para o mogno-africano, no entanto, ainda é para a madeira beneficiada, por ser a matéria-prima que apresenta mais estabilidade, quando feita a serragem e secagem adequadas.

Aloísio Caixeta, mais conhecido como Cabral, conta que fez várias pesquisas de mercado para aproveitar melhor o mogno-africano.

“A construção de alto padrão é um excelente mercado, mas para produtos prontos, como painel ripado, portas e portais. O mercado da movelaria é onde estamos atuando mais. Eu vejo um mercado excelente para o mogno também na construção civil”, explica.

Para Cabral tem que começar a trabalhar e a mostrar o produto. “O consumidor de madeira compra quando vê a mesma instalada. O grande lance é colocar esse produto no mercado em alguns pontos, pois a madeira, apesar de ser jovem, dá um acabamento excelente”, reforça.

Quais as perspectivas do mogno-africano no mercado internacional?

Uma das formas de começar a captar clientes e despertar o interesse pela madeira do mogno-africano é frequentando feiras internacionais, como a que acontece em Nantes e Chicago.

Gilson pontua que ainda existe o abastecimento de mogno-africano nativo no mercado internacional, mas que o caminho para entrar nesse cenário é esse mesmo, participando de feiras. “O mogno-africano plantado vai entrar firme, mas é preciso insistir por esse espaço”, reforça.

Raphael também afirma que a feira é positiva para fazer contatos comerciais. No entanto, quando você apresenta seu projeto na feira, o comprador quer grande volume, pelo menos um contêiner, para experimentar.

“Se você não estiver preparado para oferecer esse volume e continuar fornecendo depois, não adianta ir para feira. É bom ir para fazer contato comercial, mas você precisa estar preparado, com capacidade de fornecimento, com qualidade de serragem e secagem, além de cumprir a classificação da madeira mais rigorosa”, enfatiza Cruz.

Para Ricardo Tavares, a maior dificuldade do Brasil é gerar volume. “Se você chega em uma feira, não importa a quantidade de contêineres que você consegue vender, pois ainda não temos no país uma cultura de serraria para fazer volume”, explica.

Em relação à certificação da madeira, Patrícia Alves Fonseca, disse que viu essa preocupação muito grande no mercado europeu, mas não tem dimensão de como é essa questão em outros países.

“O continente europeu é um lugar onde muito se fala sobre o FSC, que é o certificado mais reconhecido. Eu não sei se o mercado americano tem essa mesma exigência com o certificado FSC, o que sei com certeza é que eles não querem uma madeira ilegal”, frisa.

Gilson complementa que, os EUA têm um controle enorme sobre o DNA da madeira e valorizam isso mais do que a certificação.

É possível que o mercado interno absorva o mogno-africano plantado?

Essa é uma pergunta que está na roda entre os produtores e a resposta é unânime: sim, há demanda interna para o mogno-africano.

Raphael Cruz deu o seguinte dado: apenas no Estado de São Paulo, são comercializados 6 milhões de metros cúbicos de madeira tropical serrada por ano dentro da legalidade. “Eu não tenho dúvidas que o mercado interno consumirá tudo. O nosso problema é a falta de volume. Não iremos conseguir atender grandes indústrias, mas sim as pequenas indústrias”, afirma.

O CEO da Khaya Woods ainda completa dizendo que a falta de desbastes das florestas prejudica o rendimento da mesma. “Eu aconselho: faça o inventário anual da sua floresta e se o crescimento anual médio estiver menor que o crescimento acumulado, já passou da hora de fazer o desbaste”, enfatiza.

Além disso, para finalizar a live, foi comentado sobre o preço da venda da madeira. A ABPMA todo mês divulga a tabela com os valores. O preço mais atual você confere na imagem abaixo:

Tabela de cotações do mogno-africano

Conclusão

O mercado do mogno é bastante promissor. No entanto, é preciso que as pessoas se unam mais para começar a focar nos desbastes e na venda da madeira beneficiada.

Ainda falta madeira para atender toda a demanda que já existe por madeira nobre, por isso, a necessidade de ter mais produtores unidos, para trocar ideias, fazer desbastes e conquistar este mercado pujante.

O mais importante, sobretudo, é o planejamento estratégico para fazer uma boa escala de produção e divulgação do produto para chegar até a venda final.

Para mais informações e detalhes sobre o mercado do mogno-africano veja o bate-papo completo:

https://www.youtube.com/watch?v=trwEkhODxgQ

Quer garantir mais mudas para sua floresta de mogno-africano? Entre em contato com o Viveiro Origem!

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