A madeira é uma matéria-prima muito valorizada e sempre figurou como uma das commodities mais comercializadas no mundo. Com o mogno-africano a história não é diferente.

A espécie sempre foi muito procurada pelos mercados internacionais devido à sua beleza e versatilidade Entretanto, na África, sua região de origem, o mogno está cada vez mais escasso e tende a ser protegido. 

A facilidade de cultivo em grande parte do Brasil e a qualidade da madeira têm atraído cada dia mais investidores para este mercado, tanto que o mogno-africano já está sendo considerado a madeira do futuro.

Neste artigo, explicaremos porque a demanda por madeira está crescendo, como estão comportando os preços históricos alcançados pela venda da madeira e como isso pode beneficiar os produtores de mogno-africano no Brasil.

Demanda por madeira está em alta 

O Brasil nunca exportou tanta madeira bruta quanto em abril e maio de 2021, de acordo com os dados da Secretaria de Relações Exteriores e Comércio.

Foram cerca de 573 mil toneladas de toras enviadas entre abril e maio de 2021. Isso é 3 vezes mais se compararmos com o mesmo período em 2020. 

Já nos primeiros cinco meses do ano de 2021, o país exportou 1 milhão de toneladas de madeira, o que representa 116% a mais que o volume exportado no mesmo período de 2020.

Com isso, a receita subiu para 84 milhões de dólares nos primeiros cinco meses, um aumento de 80% em relação ao mesmo período em 2020.

A pandemia pode ter sido um dos pontos que influenciaram a procura por madeira no mercado internacional. O fato de as pessoas começarem a trabalhar mais de casa e a migração para espaços maiores, impulsionaram o mercado imobiliário nos EUA, por exemplo.

Esse fator pode ter aquecido a área de construção e reforma, criando uma procura maior por madeira, que é um item cada dia mais procurado para a construção civil, por sua beleza, versatilidade e apelo ecológico positivo (madeiras rastreadas e/ou certificadas). 

Outra questão que pode impactar a alta demanda por madeira é o que conhecemos como apagão florestal. 

Segundo estudo realizado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), haverá uma redução de 64% da oferta de madeira até 2030, enquanto, no mesmo período, a previsão é de um aumento de quatro vezes na demanda por esse material, chegando a 21 milhões de m³ ao ano. 

Imagine o que acontecerá com o valor da madeira quando a oferta cai e a demanda cresce? Isso mesmo, certamente a tendência é só aumentar!

Mercado alcança preços históricos em madeira serrada

Antes de entrarmos na variável preços de madeira, é preciso deixar bem claro que existem dois tipos de mercados: o internacional e o nacional. 

Cada um tem suas características e faz todo sentido que os valores praticados difiram entre si. Por isso, abordaremos a evolução dos preços da madeira de maneira separada neste texto.

Mercado internacional

A comercialização de madeira serrada, incluindo o mogno-africano, é bastante consolidada fora do Brasil. Portanto, faz sentido haver um histórico dos preços e, com base nestes dados, podemos apurar que o valor praticado é mais elevado do que o praticado no mercado nacional.

Como podemos observar no gráfico abaixo, nos últimos 10 anos o valor da madeira indica uma tendência de crescimento. 

Em 2012, o preço da madeira serrada era vendida em média por US$300. Já em julho de 2021, o preço chegou a US$580. 

Gráfico mostra o histórico do preço da madeira serrada nos últimos 10 anos. Fonte: Trading Economics.

A madeira serrada deve ser negociada em torno de US $800 até o final do terceiro trimestre de 2021, de acordo com os modelos macro globais publicados pela Trading Economics e as expectativas dos analistas. 

Olhando para o futuro, estima-se que a madeira serrada seja negociada em média de US$1100 nos próximos 12 meses.

Vale ressaltar que o pico no gráfico acima representa o recorde histórico do preço médio da madeira, no dia 7 de maio de 2021. Nessa data, o preço médio da madeira serrada chegou  a quase US $1.700.  

Isso se deve ao fato de que as serrarias não conseguiram cumprir a demanda por construção de casas e reformas estimuladas pelos bloqueios decorrentes do coronavírus.

Também não é possível identificar no gráfico da Trading Economics o valor do mogno individualmente, pois a média demonstrada é de toda madeira serrada. Mas por ser uma madeira nobre, o seu valor tende a ser superior ao das demais madeiras.

Oportunidade para a exportação de madeira

A conjuntura do mercado é muito interessante para a exportação de madeira cultivada no Brasil e, neste caminho, o mogno plantado em nosso país (estimado em mais de 30 mil hectares) se apresenta com um fortíssimo potencial para consolidar em breve este mercado. Para isto, os produtores precisam se preparar para atender às exigências deste mercado externo. 

Os maiores importadores de madeira sempre buscam volume e continuidade para estabelecerem contratos duradouros. Não adianta ter uma madeira maravilhosa se não tivermos volume para alimentar o mercado. 

Com a maturação das florestas de mogno no Brasil (que ainda são jovens), o volume necessário em breve será atingido. 

Para se produzir madeira de qualidade (seca e serrada conforme parâmetros de excelência) e conseguirmos ter um volume expressivo para exportar, os produtores precisarão se unir para criar esta estrutura. 

A ABPMA — Associação Brasileira de Produtores de Mogno Africano, da qual o Viveiro Origem faz parte, realiza um trabalho sério e estruturado neste sentido.

 Outro ponto importante para quem tem o objetivo de exportar madeiras nobres, é definir a sua origem e como ela foi produzida. Florestas plantadas, como é o caso do mogno-africano no Brasil, demonstram que não houve extração ilegal de madeira nativa. A rastreabilidade e certificação da madeira são extremamente importantes neste cenário.

Uma pesquisa feita pela FLEGT Independent Market Monitor com mais de 130 empresas na União Europeia e no Reino Unido, que representam os maiores importadores de produtos de madeira tropical, mostra a valorização por madeiras certificadas. 

A certificação pode ser feita em conjunto para vários produtores, o que pode baratear o processo. Trata-se de uma ótima ferramenta de levantamento de dados e também dá bastante transparência ao processo sob vários aspectos (social, ambiental, legal, etc.). 

Vale lembrar que o plantio do mogno-africano é legalizado no Brasil e mais fácil de ser implementado se comparado a um plantio de árvores nativas. No vídeo abaixo, explicamos mais sobre a autorização e a certificação do plantio da espécie:

Mercado nacional

Ainda não temos um histórico de preços da madeira serrada que inclua o mogno-africano no mercado nacional. O motivo é que o cultivo da espécie é recente no Brasil, portanto, não há dados suficientes para traçar uma evolução da comercialização. 

Contudo, a alta rentabilidade do mogno-africano está sendo um assunto acompanhado de perto pela Associação Brasileira de Produtos de Mogno-Africano (ABPMA).

A madeira jovem da espécie (com largura média de 20 cm), por exemplo, pode ser comercializada por até R$3.000 no mercado nacional. Veja abaixo as cotações em junho de 2021:

Se a madeira de mogno-africano jovem já está nesse valor, imagina o preço que o mogno adulto poderá atingir? A expectativa é grande e bastante positiva!

Além disso, conforme o livro sobre mogno-africano publicado pela Embrapa, foi estimado que cada hectare (10 mil metros quadrados) plantado no território nacional poderá obter 160 m³ de madeira serrada, a um valor de mercado de R$2.300 mil por m³. 

Portanto, ao final do ciclo, a expectativa de resultado obtido com a madeira serrada e seca em estufa, conforme este estudo, poderá chegar a aproximadamente R$370 mil por hectare. 

Cenário pode favorecer produtores de mogno-africano

O mogno-africano busca atender tanto o mercado exigente de madeiras nobres e de qualidade quanto o aspecto de investimento atrelado a bons resultados em médio e longo prazos, como mostra essa matéria do Globo Rural.

Os dados mencionados neste post, nos mostram que a evolução do mogno-africano está acontecendo de maneira rápida e que o investimento na espécie é promissor. Aliás, alguns produtores brasileiros que já iniciaram sua floresta de mogno, confirmam esse panorama.

No entanto, não se deixe guiar apenas pelo alto preço da madeira para tomar suas decisões em relação ao plantio do mogno-africano. Assim como em qualquer negócio, o sucesso da sua floresta é uma combinação de fatores, que envolve trabalho duro, boas parcerias e acompanhamento contínuo do plantio. 

O retorno financeiro vem, mas é preciso não criar a ilusão de que ficará milionário em pouco tempo, pois isso não é fácil. Promessas de R$1 milhão de resultado por hectare não nos parecem números factíveis e sustentáveis. 

Vale lembrar que o volume de madeira produzido por hectare não pode ser avaliado como única variável para formação de preços! A qualidade, tamanho e padronização desta madeira é o que agregará valor a este produto. 

Então, para começar seu investimento conscientemente, saiba quais as condições de plantio que favorecem um maior rendimento em mogno-africano!

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