O mogno-africano tem se destacado como uma espécie com alto rendimento quando o assunto é investir em silvicultura. A madeira proveniente dessa espécie, em especial da Khaya grandifoliola, possui elevado valor comercial além de ter crescimento de médio prazo, possibilitando a recuperação de áreas degradadas.

Estudos realizados pela Embrapa*, comprovam que o mogno-africano se adaptou muito bem ao Brasil, o que torna o plantio das mudas dessa espécie mais simples se comparado com outros cultivos de outras árvores para produção de madeira nobre. O resultado positivo desse investimento será resultado de um planejamento bem realizado e também de um plantio bem feito

Qual a importância de planejar o plantio do mogno?

Antes de aprofundar mais sobre os aspectos básicos para iniciar a plantação de mogno-africano, é importante ressaltar que o planejamento é uma etapa imprescindível para otimizar o processo de implantação e também para obter lucratividade.

Dentro dessa etapa, é necessário verificar a área disponível para o plantio, qual o melhor método para o plantio (mecanizado ou manual), disponibilidade hídrica da região para definir necessidade ou não de irrigação, análise de solo para planejar adubações, etc. 

São esses detalhes iniciais aliados a um planejamento técnico e profissional que fazem a diferença para ter um negócio mais rentável no futuro.

O que é preciso saber para plantar mogno-africano no Brasil?

Sabendo-se que o mogno-africano é uma espécie exótica (não nativa do Brasil), é necessário um estudo para saber se a árvore terá aceitação no novo ambiente. No livro publicado pela Embrapa, que detalha os aspectos da silvicultura do mogno-africano, há uma pesquisa que revela os critérios de exigências da planta.

O plantio do mogno-africano inclui cinco aspectos principais a serem verificados: clima, índice pluviométrico, relevo, solo e espaçamento. Detalharemos todos a seguir:

Clima

De acordo com a pesquisa publicada pela Embrapa, no que se refere ao clima para o plantio e cultivo do mogno-africano, a espécie se desenvolve bem em zonas mais subtropicais e em florestas úmidas. Contudo, o clima ideal para o seu crescimento é em climas tropicais úmidos e quentes.

Além da característica climática, é necessário acompanhar a temperatura. De acordo com pesquisas divulgadas pela Embrapa, o mogno-africano possui crescimento adequado entre 18 °C e 43 °C. No entanto, a faixa ótima de temperatura, ou seja, a ideal para a área de plantio, é a média de 27,5 °C.

Com base nessas informações, os estudos da Embrapa comprovam que a espécie possui boa adaptação ao território brasileiro devido à sua tolerância a grandes variações climáticas, exceto na região sul. A restrição neste local acontece devido à predisposição de geadas, que podem causar danos na fase inicial da cultura de mogno.

Índice pluviométrico

A quantidade de chuva que a região recebe anualmente também interfere no estabelecimento das mudas no solo e crescimento do mogno-africano, sendo o índice pluviométrico ideal para bom desenvolvimento do mogno acima de 1200 mm por ano. Abaixo desta marca é recomendável investir em uma forma de irrigação complementar (sistema de irrigação ou irrigação de salvamento com pipa). 

Além de ajudar no desenvolvimento do mogno, o índice pluviométrico é essencial para determinar o início do plantio, que deve ser realizado no começo do período chuvoso. Como o regime de chuvas costuma ser diferente entre as regiões no Brasil, os meses para implementar essa cultura varia em cada local. Caso a sua escolha seja por uma plantação irrigada, pode-se iniciar o plantio em qualquer fase do ano.

Relevo

O relevo do solo é outro aspecto importante a ser considerado na hora do plantio, pois ele direciona quais técnicas serão utilizadas para a implantação, manutenção, manejo e colheita do mogno.

Caso o local seja mais plano, o plantio e o manejo serão mais fáceis, pois permitirá o uso de maquinários, sendo necessário investir menos nessa etapa do projeto. Já relevos mais inclinados não inviabilizam o cultivo, mas tornam o manejo mais difícil e encarecem o custo de produção, pois não permitem, em geral, a mecanização.

Solo

Após a identificação do relevo, é preciso fazer uma análise do solo. Quando se trata do cultivo de espécies importadas de outras partes do mundo, como o mogno-africano, o ideal é realizar o plantio em um solo com as mesmas características da sua região de origem para facilitar a adaptação da espécie e seu desenvolvimento.

O solo é um dos principais motivos que fazem o cultivo de mogno-africano no Brasil com grande potencial de sucesso. Como divulgado pela pesquisa da Embrapa em várias regiões brasileiras, podemos encontrar os tipos de solo Argissolo, Latossolo e Neossolos, que são comuns na costa ocidental da África, onde o mogno se desenvolve.

Mesmo com as variações desses tipos de solo, pode-se considerar para o cultivo de mogno-africano, solos bem drenados, sem camadas compactadas ou adensadas e de maior fertilidade natural.

Além disso, vale lembrar que para garantir um melhor desenvolvimento do sistema radicular e também do estabelecimento da floresta, é necessário fazer um bom preparo do solo e adubações e/ou correções. A partir dos resultados da análise de solo, o produtor, com a ajuda de um profissional, será capaz de determinar a quantidade de adubo e os tipos de minerais que devem ser incorporados na área de plantio.

Espaçamento

Quando se fala em espaçamento, estamos nos referindo a distância entre as árvores no momento do plantio. Esse aspecto é importante, pois influencia a produtividade e a qualidade da madeira, pontos relevantes para a comercialização do mogno. 

Para definir a distância entre as mudas é necessário analisar o sistema radicular, a parte aérea durante o desenvolvimento das árvores e o tamanho da área de plantio. Muitos testes estão sendo realizados pelos produtores para identificar o espaçamento ideal para o plantio do mogno.

Espaçamentos mais adensados requerem muitos desbastes e a madeira retirada nos primeiros cortes têm, de forma geral, pouco apelo comercial. Espaçamentos que comportem entre 400 e 550 mudas por hectare têm sido os mais promissores quando se trata da busca pelo melhor equação que atenda, por hectare, o maior volume e a melhor qualidade da madeira. 

Considerando esses cinco aspectos citados no texto, você já tem um bom guia para iniciar o plantio bem feito do mogno. Entretanto, temos uma dica bônus para você se destacar nessa etapa inicial: pesquise sobre o tipo de muda de mogno. Esse é um fator-chave que te ajuda a antecipar o tipo de produto que você terá no futuro e, consequentemente, gerar resultados positivos para seu investimento.

Quer saber mais sobre as mudas de mogno e suas características? Confira o nosso post sobre mudas clonais e seminais! 

* Todos os dados da Embrapa citados neste texto foram retirados do livro “Mogno-africano (khaya spp.): atualidades e perspectivas do cultivo no Brasil”, publicado em 2019.

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